domingo, 17 de agosto de 2008

Pequim: As lágrimas de Inge DeBruijn


A bancada de Imprensa, nos Jogos Olímpicos, é uma espécie de Aldeia Olímpica em miniatura, apenas com uma ligeira diferença: aqui, sentamo-nos lado a lado, cada um a cobrir o acontecimento para o respectivo país, mas nunca chegamos a competir, verdadeiramente, uns com os outros.
Mas há encontros curiosos. Na final da ginástica masculina fiquei sentado ao lado de uma antiga basquetebolista australiana (medalhada em Sydney), que agora comenta os Jogos para um canal de televisão. No intervalo das piruetas do Yang Wei ainda deu para recordar alguns momentos dos Jogos na Austrália e de confirmar como a emoção no desporto é mesmo universal.
No sábado, no atletismo, conheci um jornalista sul-africano que, entre as meias-finais e a final dos 100 metros, me mostrou as fotografias dele em casa do Usain Bolt, na Jamaica. Um tipo impecável e que conheceu todos os grandes nomes do atletismo. «Bolt? Lembra-me o Carl Lewis dos primeiros tempos», disse-me.
Mas hoje saiu-me a sorte grande, no final da jornada de natação. Na conferência de Imprensa de Michael Phelps comecei a conversar com a Inge DeBrujin, a nadadora holandesa que «arrasou» nas provas de velocidade em Sydney e Atenas. E, depois, saímos juntos do «Cubo», a pé, ela para o IBC (onde estão sediadas as televisões) e eu para o MPC (o centro de Imprensa). Felizmente (achei eu hoje pela primeira vez...), as distâncias no Parque Olímpico são sempre muito longas aqui em Pequim. Assim, durante dez minutos lá fomos os dois a conversar sobre a façanha de Michael Phelps que tinhamos acabado de presenciar. Ela, pelo meio, naturalmente, ia fazendo o paralelo com a sua carreira, dando-me informações preciosas sobre o que é a verdadeira vida de um nadador de competição ao mais alto nível. E como a admiração perante a proeza de Michael Phelps é superior entre aqueles que sabem, exactamente, o que é essa vida.
«Confesso que me vieram as lágrimas aos olhos quando o vi ganhar a oitava medalha. É uma proeza fenomenal», disse-me, antes de nos despedir-nos.
Começo a perceber que o oito é mesmo um dia especial aqui na China: depois de ter visto um atleta ganhar oito medalhas de ouro, acabei a manhã a conversar com uma antiga atleta que, nos Jogos, ganhou... oito medalhas (quatro de ouro, duas de prata e duas de bronze).

1 comentário:

Anónimo disse...

Trabalho duro...