sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Nelson Évora: O campeão discreto

O tom de voz é sempre o mesmo. Bem como o estilo. Nelson Évora é aquilo a que se costuma chamar um rapaz bem educado e gentil. Desde o primeiro dia, quando chegou à Aldeia Olímpica, tem sido de uma correcção extraordinária para com todos, incluíndo os jornalistas. Logo à chegada, apesar da longa viagem e do inevitável jet-lag, acedeu a falar com todos por causa da sua escolha para porta-bandeira na cerimónia de abertura.
Sobre a duração da noite em que se sagrou olímpico já está tudo explicado no post anterior.
Mas há sempre uma altura em que já não zsse aguenta mais. Foi há, depois de receber a medalha de ouro e ouvir o hino nacional no lugar mais alto do pódio. Regressou à zona mista, falou com os jornalistas, mas quando lhe pediram para voltar a fazer a ronda das televisões, com mais uns directos em estúdio, Nelson, com o tom e o estilo de sempre disse: «Não, desculpem mas não. Só dormi uma hora e meia esta noite. Deixem-me agora ir ver as provas de atletismo.»
Ninguém foi capaz sequer de insistir. E Nelson lá foi, sozinho, pelo túnel em direcção a um lugar discreto das bancadas do «Ninho de Pássaro». É ali que está, neste momento, anónimo no meio da multidão, mas com uma medalha de ouro no bolso.

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