Conheci agora, às 14 horas de Pequim, aquele que é hoje, seguramente, o pai mais feliz do mundo. Nem eu nem os outros 90 jornalistas presentes naquela sala da cave do Grande Pavilhão Olímpico temos a mais pequena dúvida a esse respeito. Bastava ver a forma como ele olhava, embevecido, para a filha enquanto ela falava. Como, disfarçadamente, lhe punha a mão na perna ou no ombro, num gesto carinhoso. Como os dois sorriam um para o outro. Como os seus olhos brilhavam. Como...
Valeri Liukin estava completamente nas nuvens. A sua atleta preferida, aquela que treina desde sempre, tinha acabado de se sagrar campeã olímpica individual de ginástica feminina. Essa atleta, Nastia, é a sua filha.
E Valeri sabe muito bem o valor que tem esta medalha da filha. Ele próprio esteve quase a ganhar a equivalente masculina, em 1988, nos Jogos de Seul. Mas ficou-se pela de prata. As duas de ouro que ganhou, foram no concurso por equipas (com a União Soviética) e na barra fixa - além de outra de prata nas paralelas. Ele era um dos melhores ginastas daquela época.
Em 1992, após os desmembramento da União Soviética, e quando a filha Nastia (nascida em Moscovo a 30 de Outubro de 1989) tinha apenas dois anos, a família Liukin mudou-se para os Estados Unidos.
«Ainda bem que o fiz. A América deu-me, naquela época, muitas oportunidades. Não teria sido possível obter agora estes resultados se tivesse permanecido na Rússia. Especialmente naquela Rússia de há 16 anos», confessou.
Nos Estados Unidos, Valeri montou alguns dos mais bem sucedidos ginásios do país, de onde saem as melhores atletas. Como a sua filha.
No final da conferência de Imprensa, consegui chegar junto dele e perguntei-lhe como se sentia como pai. Com um sorriso enorme, ele respondeu-me como se fosse o Leonardo diCaprio no «Titanic»: «O que é que posso dizer? I'm king of the world!!!».
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Ginástica: O pai mais feliz do mundo
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