sábado, 9 de agosto de 2008

Jogos: O primeiro dia a sério

Depois das emoções algo extenuantes da cerimónia de abertura, o primeiro dia de competições é um dos mais ingratos, até porque traz sempre uma série de decisões difíceis para quem está a cobrir os Jogos. A questão é apenas uma: aposto em quem? A dificuldade está na múltipla escolha,como sucedeu hoje em Pequim: ir ver a Ana Hormigo no judo ou a final do João Costa no tiro a 10 metros? Assistir à eliminatória de Ana Moura no badminton ou às do Nuno Pombo, no tiro com arco? Ir até à Grande Muralha ver o pelotão dos ciclistas ou apanhar o autocarro para ir ver o Manuel Vieira da Silva no tiro com armas de caça? E porque não ir ver a estreia do Michael Phelps no «Cubo»? Ou o excitante China-Estados Unidos em basquetebol?
O dilema não é para ser levado de ânimo leve. E a lição deste primeiro dia dada em Atenas, há quatro anos, está bem presente: quando o Sérgio Paulinho ganhou a medalha no ciclismo, eu estava no outro lado da cidade a ver o vólei de praia. Eu e quase toda a comitiva portuguesa. Foi preciso correr muito para chegar ainda a tempo de falar com ele!
Quando se vê o mapa de Pequim até pode parecer que se consegue fazer tudo facilmente. Puro engano: aquilo que parece um simples quarteirão, aqui demora 15 minutos a ser percorrido a pé. Autocarros? Funcionam lindamente, mas dentro de horários estabelecidos (de meia em meia hora, por exemplo) nem sempre de acordo com as nossas necessidades. Táxis? São muito úteis (e até baratos) mas não podem entrar numa série de locais, apenas reservados aos carros com acreditação especial.
E depois em cada local de competição, ainda é preciso, sempre, encontrar a porta reservada à imprensa (que às vezes fica do lado contrário do estádio), passar pelo controlo de bagagens exactamente como se fosse num aeroporto (agora até nos pedem para beber um pouco da água que trazemos na garrafa) e subir não sei quantas escadas para se chegar, finalmente, à tribuna de imprensa. Que depois é preciso rapidamente voltar a descer para se ir falar com o atleta à zona mista.
Atenção que isto não é uma queixa - longe, muito longe disso. É apenas a necessidade de partilhar uma outra parte da realidade dos Jogos Olímpicos. No primeiro dia de competição.

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