O australiano Grant Hackett anunciou que pretende tornar-se o primeiro nadador masculino a ganhar a mesma prova individual em três jogos Olímpicos. Depois de ter vencido os 1500 metros nos Jogos de Sydney 2000 e Atenas 2004, Hackett quer repetir a proeza, dentro de seis meses, em Pequim. Isto, apesar de nos últimos Mundiais, em Melbourne, em 2007, ter sido, pela primeira vez numa década, derrotado naquela distância - a mais longa das provas de natação olímpica.
No entanto, mesmo que consiga somar a terceira medalha de ouro em Pequim, Hackett não se tornará o incontestado rei das distâncias longas. Esse título, honorífico, continuará a ser partilhado com o russo Vladimir Salnikov, um dos mais espantosos nadadores que o mundo conheceu, o primeiro, aliás, a baixar da barreira dos 15 minutos nos 1500 metros, nos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980.
Salnikov só não venceu as três medalhas consecutivas, porque a então União Soviética boicotou os Jogos de 1984, em Los Angeles. O nadador russo ficou-se apenas pela segunda medalha, conquistada oito anos depois da primeira (o mesmo período de tempo que Grant Hackett terá que defrontar), em Seoul, em 1988. E, conta quem assistiu, Salnikov protagonizou nesse dia, após a final, um dos momentos mais emotivos que jamais se assistiu numa Aldeia Olímpica: ao entrar no refeitório, o atleta (então com 28 anos, uma idade nessa altura impensável para um nadador) foi presenteado com uma extraordinária ovação, em pé, de todos os olímpicos presentes, que quiseram, dessa forma, demonstrar o reconhecimento pela proeza de alguém que nunca desistiu de lutar e treinar até aos limites. Por mais medalhas que ganhe, Hackett dificilmente conseguirá um reconhecimento semelhante.
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