sábado, 17 de maio de 2008

Pequim: A vitória discreta de Natalie Du Toit


Oscar Pistorius pode merecer toda a simpatia do mundo e até justificar o impacto mediático de que é alvo, mas será que ninguém se lembra da sua compatriota Natalie Du Toit? Vamos ser claros: aquilo que para Pistorius é ainda um sonho, para Natalie du Toit é já uma realidade.A nadadora sul-africana (uma das estrelas dos Paralímpicos de Atenas, em 2004) tornou-se a primeira atleta amputada a conseguir a qualificação para os Jogos Olímpicos. A não ser que lhe suceda algum azar, Natalie vai participar, com todo o direito desportivo, nos Jogos Olímpicos de Pequim, na nova prova de 10 km em águas abertas.
O «bilhete» foi conseguido no início de Maio, nos Mundiais de Sevilha, onde ela acabou a prova em quarto lugar, com o tempo de 2 horas, 2 minutos e 7,8 segundos, apenas 5,1 segundos menos que a vencedora, Larisa Ilchenko, da Rússia.
Se a luta de Oscar Pistorius é emocionante, a história de Natalie DuToit é inspiradora, uma lição de como se pode vencer a adversidade e as desilusões da vida.
Natalie é nadadora quase desde que se conhece. Em 2000, aos 16 anos, falhou por muito pouco a qualificação, em três provas, para os Jogos Olímpicos de Sydney. Mas todos sabiam que, quatro anos depois, em Atenas, seria quase de certeza uma das representantes da África do Sul, tal a sua margem de progressão.
O que ninguém contava é que, em 2001, quando se dirigia de motocicleta para mais uma sessão de treinos fosse «atropelada» por um carro, que lhe desfez a perna esquerda, obrigando à amputação abaixo do joelho.
Determinada, ultrapassou o choque e não desistiu. Continuou a rotina diária de treinos e os resultados voltaram a aparecer. Logo em 2002, atingiu a final dos 800 metros livres nos Jogos da Commonwealth - a primeira atleta amputada a conseguir esse feito numa grande competição internacional.
No entanto, os seus tempos não foram suficientes para garantir a qualificação para os Jogos Olímpicos de Atenas, obrigando-a a participar apenas nos Paralímpicos, onde ganhou cinco medalhas de ouro e uma de prata.
Decidida a perseguir o seu sonho olímpico, Natalie viu uma oportunidade abrir-se quando o Comité Olímpico Internacional decidiu incluir as provas de natação em águas abertas no programa dos Jogos de Pequim. As suas contas foram lógicas: se nas provas de 800 e 1500 metros ela quase conseguia acompanhar as melhores, o mais certo era diminuir ainda mais essa diferença nas competições longas, fora da piscina, onde a resistência pode compensar o facto de nadar com uma perna mais curta.
Conseguiu-o. E vai estar, por direito próprio, em Pequim, porventura a lutar pelas medalhas. Uma história fantástica!

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