Oscar Pistorius, o sul-africano com as pernas amputadas abaixo do joelho, está autorizado a competir nos Jogos Olímpicos de Pequim e em todas as provas oficiais de atletismo. Foi essa a decisão do Tribunal Arbitral de Desporto, que considerou não existirem provas científicas de que as próteses usadas pelo atleta constituam uma vantagem face aos outros concorrentes.
A decisão colheu, naturalmente, a simpatia de todos os amantes do desporto,pela possibilidade que abre: a de ver um atleta, aparentemente diminuído fisicamente, a poder lutar pelo sonho da sua vida. É mais uma barreira que se quebra para as pessoas com deficiência
Mas não deixa de ser uma decisão surpreendente. É preciso não esquecer que na única vez em que Oscar Pistorius submeteu as suas próteses a testes independentes, no prestigiado Instituto de Biomecânica e Ortopedia da Universidade do Desporto da Alemanha, o veredicto foi claro: as suas pernas de fibra de carbono representam «uma vantagem mecânica e uma poupança de energia». Foi com base nisto que a Federação Internacional de Atletismo decidiu, em Janeiro, barrar a entrada de Pistorius nos Jogos. O que mudou, entretanto?
A resposta chama-se: Dewey & LeBoeuf, uma firma de advogados que a revista Forbes já considerou a melhor do mundo e que, no passado, litigou e venceu as principais organizações desportivas dos Estados Unidos, como a NBA, a NHL e a NFL. Ao que parece, o«caso» Pistorius ocupou, durante meses, uma equipa internacional de 11 juristas, entre os quais se encontravam quatro dos sócios principais do escritório.
A decisão de permitir Oscar Pistorius de participar nos Jogos Olímpicos não foi, de facto técnica ou desportiva, mas puramente jurídica (e, claro, muito simpática, reafirmo-o).
Mas não é uma decisão que transporte, automaticamente, o atleta sul-africano para os Jogos de Pequim. Agora falta o «exame» desportivo: Oscar Pistorius tem de conseguir os mínimos na prova dos 400 metros para se poder classificar. E, para isso, tem que reduzir em um segundo (uma eternidade, a este nível!) o seu melhor tempo, algo que terá de ser conseguido até ao prazo limite de 31 de Julho.
Caso não o consiga, só lhe resta ser seleccionado para a estafeta de 4x400 metros. Mas também para isso é preciso que a África do Sul consiga a qualificação.
Para já, a vitória de Oscar Pistorius é apenas a de poder continuar a sonhar com a glória olímpica. Exactamente como milhares de atletas por esse mundo fora.
sábado, 17 de maio de 2008
Pequim: A primeira vitória de Pistorius
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