A natação portuguesa entrou hoje para a história da modalidade. Depois de, no sábado, Daniela Inácio ter garantido a presença nos Jogos Olímpicos de Pequim, na estreia da prova de 10 quilómetros em águas abertas, no domingo foi a vez do nadador de origem ucraniana Arseniy Lavrentiev também se apurar para a mesma competição, na categoria masculina. Apenas dez nações conseguiram a proeza de ter representantes masculinos e femininos nesta prova em Pequim, apenas acessível a 25 atletas em cada género.
Daniela Inácio qualificou-se na madrugada de sexta para sábado, ao alcançar a 11.ª vaga no Test Event realizado na capital chinesa. A nadadora do Belenenses conseguiu o apuramento através de um sprint final de mil metros, garantindo o último lugar de acesso aos Jogos Olímpicos, para a competição de 10 quilómetros, onde estarão presentes apenas as 25 melhores nadadoras mundiais (14 apuradas no Mundial e 11 na prova de hoje).
Daniela Inácio fez o tempo de 2:04.29.6, a 3m41s1 da vencedora, a norte-americana Chloe Sutton (2:00.48.5). No segundo lugar ficou a italiana Martina Grimaldi (2:01.19.7) e em 3.º a sua compatriota Alice Franco (2:01.36.5). A primeira nadadora não qualificada, a suíça Swann Oberson, ficou a dois segundos de Daniela Inácio.
Como a prova apenas permitia apurar uma nadadora por país, e a Itália, México e Eslováquia colocaram duas nadadoras até ao 11.º lugar, abriram três vagas nas posições seguintes.
A internacional portuguesa obteve o histórico apuramento depois de ter falhado a primeira oportunidade, no Mundial de Águas Abertas que decorreu na cidade espanhola de Sevilha.
Daniela Inácio tem já alguma experiência internacional, com destaque para o 6.º no Europeu de juniores realizado em Julho de 2007 em Milão e a 6.ª posição alcançada na Taça do Mundo do Dubai em Março deste ano, a melhor classificação portuguesa de sempre numa Taça do Mundo de Águas Abertas. A nível do país, a nadadora do Belenenses é campeã nacional nas distâncias de 5 e 10 quilómetros.
O feito de Lavrentiev é ainda mais extraordinário porque foi apenas a sua terceira participação de sempre em provas internacionais, tendo as duas primeiras ocorrido na Taça do Mundo de Setúbal, em 2006 (14.º) e 2007 (4.º). Era seguramente o nadador menos experiente dos 29 que competiram no Torneio de Qualificação Olímpica.
A prova foi verdadeiramente disputada ao sprint, com os 15 primeiros a cortarem a meta no mesmo minuto.
O fundista luso acabou os 10 quilómetros em 1:59:54.1 (14.º lugar), a 40 segundos do vencedor, o búlgaro Petar Stoychev (1:59.13.8). Em segundo ficou o húngaro Csaba Gercsak (1:59.17.7) e em 3.º o checo Rostilav Vitek.
A competição foi disputada em condições dificílimas, com um vento muito forte, de tal forma que a prova parecia que estava a ser realizada no mar. As dificuldades eram maiores no 1.º quarto do rectângulo, porque os nadadores estavam contra o vento.
Muito dura em termos físicos, as circunstâncias não permitiram fugas e o grupo manteve-se sempre compacto até à 3.ª volta, porque ninguém quis assumir o comando. O ucraniano Igor Chervynskiy decidiu pegar na prova e passou a liderar, pagando caro a ousadia, dado que perdeu o lugar de apuramento precisamente para Arseniy.
O português esteve sempre inserido no meio do pelotão, fez três abastecimentos sem perder terreno e na 3.ª volta chegou-se à frente, passando para o 6.º ou 7.º lugar. Na última volta quase todos os nadadores tentaram arrancar e o búlgaro Stoychev passou a impor o ritmo, altura em que Lavrentiev desceu alguns lugares. Nos 1200 metros finais foi ultrapassado pelo israelita Michael Dimitriev, mas conseguiu superar o seu ex-compatriotra Igor Chervynskiy e garantir um lugar na história da natação portuguesa.
Arseniy Lavrentiev está radicado em Portugal há três anos e adquiriu no dia 26 de Maio o direito de representar as cores nacionais, data em que completou 12 meses depois da sua última internacionalização pela Ucrânia.
Nascido em Chelyabinsk, na antiga União Soviética, aos três anos de idade adquiriu a nacionalidade ucraniana depois da separação dos países de Leste. Veio para Portugal porque os pais já cá estavam há cinco anos, a mãe a trabalhar como pediatra e o pai como engenheiro. Tinha ficado na Ucrânia para acabar o curso de Estudos Germânicos e passou a representar o Sport Algés e Dafundo.
Começou a praticar natação com cinco anos, porque teve um problema nas costas.
A natação portuguesa vai estar presente na capital chinesa em duas disciplinas, Natação Pura e Águas Abertas, e tem nove nadadores apurados: Carlos Almeida (200 Bruços), Diana Gomes (100 e 200 Bruços), Diogo Carvalho (200 Estilos), Fernando Costa (1500 Livres), Pedro Oliveira (200 Mariposa e 200 Costas), Sara Oliveira (100 e 200 Mariposa), Simão Morgado (100 Mariposa), Tiago Venâncio (100 e 200 Livres) e Daniela Inácio, na Maratona de 10 quilómetros.
Fonte: FPN
domingo, 1 de junho de 2008
Natação: Dia histórico para Portugal
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1 comentário:
se não fossem as gajas do Belenenses...
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